Reunião do Conselho de Representantes.
Ponto único: discussão da marcação das frequências.
Preparem-se. O texto vai ser longo.
20 horas de uma terça-feira. Estou chateado. Muito chateado.
Porquê? Porque detesto que as pessoas não tenham a frontalidade de falar comigo. E porque detesto ainda mais que andem a falar nas minhas costas.
Uma pessoa em particular andava a irritar-me (ou será que ainda anda?). Hoje essa pessoa enfiou o rabinho entre as pernas. Tive mesmo de dizer o que andava a pensar. E ele teve de ouvir.
A marcação de frequências é uma coisa engraçada. Todos têm opinião. Ninguém imagina o trabalho que dá. Ninguém - excepto eu, que sou um grande parvo, e o coitado do André - quiseram marcá-las.
E depois é triste.
Agora percebo porque razão a política está no estado em que está. 80% daquelas pessoas não estão ali a representar ninguém. Esperem. Afinal estão. O seu umbigo.
Depois de eleitas, esquecem-se rapidamente de quem os elegeu: as pessoas do seu ano e curso. Mas lembram-se perfeitamente dos amigos. E claro, lembram-se de si, mesmo que as cadeiras que estejam a fazer não tenham nada a ver com as pessoas que representam. É a amiga que tem casamento no sábado. É o B que vai de viagem para o brasil na terça. É o C que está a fazer uma frequênica de cada ano e que exige, como se fosse a coisa mais normal do mundo, uma distância mínima de três dias entre frequências.
Um caso especial: um dos representantes, num gesto de especial consideração pelas pessoas que o elegeram, quando perguntado sobre qual a ordem pela qual preferia que estivessem as frequências do seu ano e curso só soube dizer que não queria, agora nem jamais em tempo algum, que estatística II ficasse perto de finanças II. Ora a pessoa em causa é do quarto ano. Uma das cadeiras é do terceiro. A outra é do segundo. Quem está a fazê-las? Ele e os amigos mais próximos.
Ainda bem que ele nem compareceu reunião. Caso contrário teria que ter ouvido aquilo que eu disse. E acho que ele não ia gostar mesmo nada.
Porque aquilo esteve ao rubro.
Sabem, eu nem me importa que venham dizer-me que a marcação está mal feita. Que não gostam disto ou daquilo. Que aquilo foi marcado ao calhas. Que está a beneficiar os amigos. Agora o que eu não suporto é que andem a dizer isso nas minhas costas. Que pensem nisso mas que não digam. Que isso ande no ar. Por duas razões: porque não me dão hipótese de explicar porque razão as frequências estão como estão. Porque não sabem o que dizem nem as dependências que existem.
A alteração de uma única frequênica obriga a mudar todas as frequênicas de lugar. É fácil de perceber. São mais de 100 avaliações para serem marcadas em cerca de 25 dias. Como é óbvio, isto dá uma média de quatro frequênicas por dia. E como nós somos 700 alunos com planos curriculares dos mais abstrusos que existem, é normal, repito, normal, que algumas pessoas tenham frequências muito próximas. Ou mesmo no mesmo dia.
E portanto é preciso haver critérios. E a tal história do anjo. Imaginem que estão no "céu" e não sabem ainda que cadeiras estão a fazer. Qual a marcação justa?
Para já ninguém é anjinho, e todos têm uma opinião um pouco distorida à partida. Mas em príncipio, justo será premiar as pessoas com o curriculum em dia, que foram as que, quer por mérito, quer por esforço, quer por capacidade, fizeram todas as cadeiras que era suposto fazerem.
E foi isso mesmo que fizemos. Maximizar a distância entre frequênicas das pessoas com curriculum normal. Todos os representantes ficaram contentes. Excepto dois. O tal que vos falei em cima e outro que tem cadeiras de vários anos.
Mas foi engraçado. Eu pensava que não metia medo a uma mosca. Mas ele nem dirigir-se a mim conseguia, quanto mais olhar-me nos olhos.
Coemçou com uma folha cheia de reclamações. A debitá-las para o Presidente do conselho, quando as reclamações me eram dirigidas.
Como disse a margarida o melhor seria ter resolvido tudo na paz e amor de deus, nosso senhor jesus cristo. Pois claro.
Espírito Zen são os meus nomes do meio. Especialmente quando me andam a "pisar os calos".
Perguntei-lhe porque razão ele não estava a falar comigo directamente já que as reclamações eram para mim e para o meu trabalho. Balbuciou e pôs o rabinho entre as pernas. 1-0
Reclamou porque algumas pessoas já sabiam as datas antes dele, que era um representante. Perguntei-lhe então com base em quê é que ele estaria a reclamar, dado ainda não saber quais eram as datas. 2-0
Reclamou porque tínhamos entregue a marcação à D. Laura antes de submetê-la à aprovação de sua Excelência. Queria ter tido uma reunião do conselho antes para poder mudar tudo. Pois é. Mas estas coisas têm prazos. E na semana passada, quando era suposto ter havido reunião, o menino não podia porque havia jogo do sporting. Teve que a ouvir. 3-0
Depois começou a reclamar sobre as frequências em si.
Em primeiro lugar expus o meu fantástico programa que me demorou 3 dias a fazer no total (esta fica para outra). Perguntei-lhe se ele também teria ficado na faculdade sem jantar até à meia-noite ou teria perdido três dias a trabalhar para marcar frequências. Ele disse que sim, mas acho que isto conta como 4-0.
A seguir comecei a fazer as alterações que ele pretendia.
Em primeiro lugar convêm notar que as suas frequênicas eram as melhores de toda a faculdade. Cinco dias para a primeira cadeira. Ah, mas temos muitos trabalhos na semana anterior. Mas querem o quê, 15 dias? "Então não foi precisamente cinco dias que me pediste inicialmente quando te perguntámos? Foi isso mesmo que dêmos." 5-0.
Parece que é só para ser do contra. Três dias para a próxima. Dois dias para outra. OITO dias para outra que vem com um dia de distência da última. Querem melhor? Até ficou melhor que os coitados dos tipos do primeiro e segundo ano, já para não falar no resto.
Mas o giro é que digam o que disserem tou de consciência tranquila. O programa funciona. E as frequências ficaram bem marcadas. Tanto que cada uma das alterações que ele propunha tornava tudo pior. Porque as pessoas, no seu egoísmo, esquecem que não são só elas. E que uma mexida numa das suas frequências altera as frequências de todos.
Mas alteração a alteração nenhuma delas fazia as coisas ficarem melhor.
Reparem que para ficar com mais um dia a finanças (são só cinco, não é?) o nosso caro representante estava disposto a colocar duas frequências do quarto ano em dias consecutivos. Desde que o seu umbigo ficasse melhor.
Mas quando lhe propusemos mexer numa das dele para ficar com esse dia extra, já não achou tão boa ideia. Porque será? 7-0.
Bem já estou farto de marcar golos. O facto é que me sinto mais leve. Já tava a ficar de saco cheio.
Quem quiser venha ter comigo. Terei todo o gosto (e não estou a ser irónico) em explicar o porquê desta ou daquela opção.
Podem "morder" à vontade. Hoje vou dormir bem.
ps: não podia deixar de contar este caso. uma cara colega tem os conceitos de justiça um pouco trocados. então não é que seria mais justo não colocar no mesmo dia duas frequências (que tem apenas duas pessoas inscritas em simultâneo, uma delas por acaso o namorado da melhor amiga) e com isso tirar um dia de estudo a 140 pessoas com curriculo completo que já só tinham dois para estudar!