The Kangaroo Post

Pois é... chegou ao fim.
Este Sábado foi o meu último dia enquanto monitor de TCD.

Vou sentir saudades de dar aulas... das catacumbas, das falhas no ar condicionado, do barulho, dos sorrisos no corredor, do excel, do word, da lookup, das alunas atentas, dos barulhentos, de escrever no quadro com canetas de acetato, de ajudar quem não percebia, de incentivar a ir mais à frente quem já tinha percebido tudo, de sentir as vitórias deles como as minhas vitórias, de sentir as dificuldades deles como as minhas dificuldades, saudades de chegar ao segurança e pedir as chaves, saudades de ir ao sigma e dizer boa tarde à Marta, de falar com o professor durante a vigilância dos exames, de cortar nos alunos, de chegar atrasado, de não aparecer quase ninguém na sala, da sala estar cheia de gente com dúvidas que só se lembraram de TCD na última semana, de pedir às pessoas para sair das salas de informática quando queria dar aulas, de insistir com os que queriam desistir, de ver alguém que verdadeiramente percebeu depois de termos explicado três vezes o mesmo, de ralhar quando eles estavam no messenger, de descobrir as páginas na net que viam e tentavam esconder, de compreender que eu já estive no lugar deles, de sentir que estavam todos interessados, de sair de casa mais cedo que toda a gente, de chegar a casa mais tarde, saudades de aprender com eles, de tentar lembrar-me dos nomes e não conseguir, de querer mesmo saber os nomes de todos numa turma, de não querer saber os nomes de ninguém noutra, de dar aulas enquanto as catacumbas congelam no verão, de dar aulas enquanto parecem o Sahara no inverno, saudades das nove turmas, saudades de quase duzentos alunos a quem dei aulas. Da rotina, do cansaço, de estar farto, de estar entusiasmado, de querer dar o meu melhor, de querer ajudá-los, de fazê-los compreender, de dar dicas no exame, de apontar onde estava errado. Saudades da ganzada, do borbulhento, do surfista, do nerd e do dread. Saudades da primeira turma e saudades da última. Dos interessados, dos chatos, dos sonsos, dos chico-espertos, dos perdidos, dos intrusos e acima de tudo, daqueles que se tornaram meus amigos.

Saudades de tudo.
Sábado despedi-me de algo que já fazia quase parte de mim. Gosto mesmo de dar aulas.